Armanda Passos
Licenciou-se em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes Porto e expôs desde 1976 os seus trabalhos. Viveu e trabalhou no Porto, onde realizou sua primeira exposição individual, Pintura e Desenho, em 1981.
Ainda como aluna, foi convidada por Ângelo de Sousa para monitora de Gravura, disciplina que lecionou durante quatro anos. Expôs regularmente desde 1976, ano em que fez a sua primeira exposição coletiva no Museu de Aveiro.
"Quando eu faço a figuração que inclui estes seres que as pessoas definem como mulheres, porque têm algumas formas que se aproximam da figura que a gente conhece como mulher, tenho sempre a noção que eles não são existentes, mas que são de algures." Armanda Passos, dezembro 2002, excerto de entrevista por Nuno F. Santos.
Em 2011, foi homenageada pela Universidade do Porto com duas exposições: Reservas e Obra Gráfica, as únicas dedicadas a um artista plástico por ocasião das comemorações do Centenário da Universidade do Porto. Além da publicação do livro Armanda Passos Centenário U.P. – Uma Retrospetiva, de José-Augusto França, Manuel Sobrinho Simões e Luís de Moura Sobral. A 8 de junho de 2012, foi-lhe atribuída a Comenda da Ordem do Mérito, pelo presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, no Centro de Cultural de Belém.
A artista também recebeu outros prémios ao longo da carreira, como o Prémio do Ministério da Cultura, entregue pelo Primeiro-Ministro Mário Soares e pelo Vice-primeiro-ministro Carlos Mota Pinto (1984, Lisboa), na Exposição Homenagem dos artistas portugueses a Almada Negreiros em 1984, Lisboa, menção honrosa no VIII Salão de Outono - Paisagem portuguesa em 1987, na Galeria do Casino de Estoril, no III Prémio Dibujo Artístico J. Pérez Villaamil em 1990, no Museu Municipal Bello Piñeiro e o Prix Octogne em 1997, em Charleville, França.
Representou Portugal em vários certames internacionais, de que são exemplo a exposição Portuguese Contemporary Artists, no World Trade Center (Nova Iorque, 1985), V Biennal of European Graphic Art em Heidelberg, 1988, na Polónia, na Exposition Internationale de la Gravure – Intergrafia 91 em 1992, também na Polónia, Katowice, e no Centre de la Gravure et de l’Image Imprimée, também em 1992, em La Louvière, na Bélgica.
Em 2005, idealizou e construiu no Porto a Casa Armanda Passos, projetada por Álvaro Siza. Uma Casa-ateliê destinada a reunir, conservar e tornar acessíveis ao público as obras guardadas pela pintora ao longo da vida. "Enquanto viveu – a Casa era a Armanda. E assim continuará." (Álvaro Siza, 2022).
Morreu a 19 de outubro de 2021, aos 77 anos, na sequência de doença prolongada.
O seu último desenho foi gravado na parede principal da capela onde se encontra sepultada, no Cemitério da Lapa, no Porto.
A primeira retrospetiva da sua obra não aconteceu em vida. Foi em Lisboa, um ano após a sua morte, na Fundação Champalimaud, que uma exposição monumental mereceu o aplauso do público. "A primeira retrospetiva de Armanda Passos confirma a força da sua obra e o que perdemos em não a ter visto até hoje assim",escreveu Cristina Margato ("Além do Cérebro Racional", Expresso, Revista 23.12.2022).
A título póstumo, foi condecorada pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa como Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, no Palácio de Belém, estando presentes Leonor Beleza, o general António Ramalho Eanes e sua mulher, o professor Aníbal Cavaco Silva e sua mulher e, ainda, António de Sousa Pereira, Reitor da Universidade do Porto, em dezembro de 2022.